quarta-feira, 17 de maio de 2017


Certeza

 

É preciso sonhar, deixar que alma

deixe o corpo no chão e suba ao espaço,

sem esquecer, porém, do teu abraço

que é tudo o que me envolve, agrada e acalma.

 

Entretanto sonhar, ter sempre calma

e a vida ser somente esse bagaço,

só mesmo pra quem tem um peito de aço,

não se curva, do amor, aos frios traumas.

 

E segue, da janela desse trem,

nessa viagem entre o mal e o bem,

o mal que fica, o bem que se procura,

 

olhando tudo, mas com a certeza

que faz parte da sua natureza,

buscar sempre o melhor, a formosura.

 

 

Gilson Faustino Maia

terça-feira, 4 de outubro de 2016

E agora?

É demais para mim tanta loucura!
É realmente caro. Um anjo diz:
- É claro que você quer ser feliz,
mas viverá eterna desventura!
 
Onde fui arranjar tanta bravura,
pra mergulhar tal qual um aprendiz?
Eu não creio em destino ou sorte, eu quis,
mas foi tudo tratado em noite escura.
 
E quando amanheceu, a claridade
mostrou-me o mundo errado que eu seguia.
Tentei ir pela estrada da verdade,
 
mas seguiria, então, sem companhia.
Estenderam-me a mão, foi a saudade
do que eu deixei pra trás, mas eu queria.
Gilson Faustino Maia

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Miragem?


Eu passei, ela estava na janela.

Eu quis sorrir, mas não tive coragem.

Podia ser um sonho ou ser miragem,

talvez linda pintura numa tela.

 

Um dia eu chegarei mais perto dela

pra ver se algo mudou naquela imagem.

Se não mudou, é tela, uma bobagem,

mas se mudou, irei falar com ela.

 

Tomara que ela seja de verdade,

e que haja luz e vida em seu semblante;

que queira caminhar com lealdade

 

para ser minha amada e par constante.

Eu não suporto mais essa saudade,

com ela até meu sol é mais brilhante.

 

Gilson Faustino Maia

sábado, 17 de setembro de 2016

De frente para o amor


É hora de esquecer essa cortina.

Venha à janela, pois a vida é bela;

em breve, primavera em nossa tela.

Saúde e muita paz, minha menina!

 

O vento sopra, às vezes me alucina...

Olho, então, para o céu, nada revela.

Quando eu olho ao redor, linda aquarela,

um sentimento puro me domina.

 

Então eu penso: se não foi possível,

deveria existir um outro jeito,

uma forma qualquer, inteligível,

 

que não ferisse tanto o nosso peito.

Venha à janela, a mágoa é incompatível

com um sonho de amor e seus preceitos.

 

Gilson Faustino Maia

sábado, 10 de setembro de 2016

Fim de inverno


Já vai partindo o inverno, vá com Deus!

Virão, em pouco tempo, lindas flores,

e campos e florestas multicores,

presentes dos benditos gineceus.

 

Um novo alento nasce aos olhos meus;

é a natureza que me traz favores.

Curvo-me ao Pai, a Ele os meus louvores!

Quero sentir, do inverno, enfim, o adeus.

 

Virão dias de sol, de luz, calor,

noites mornas, nos lares mais amor,

nas ruas mais folguedos, liberdade!

 

Um perfume no ar, mais esperança...

Que um certo olhar não seja só lembrança,

venha ocupar a vaga da saudade!

 

Gilson Faustino Maia

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Se fosse...


Se fosse o amor um fato extraordinário

no seu conceito de mulher moderna,

nossa união até seria eterna;

um chão de estrelas, nosso itinerário.

 

Meu coração seria o seu sacrário,

e sua voz seria sempre terna,

e não palavra solta, assim, externa,

como as águas que descem ao estuário.

 

Se fosse o seu carinho mais sincero,

não teria surgido um lero-lero

capaz de destruir nossa alegria.

 

Nossa história seria mais feliz;

não haveria a mágoa, a cicatriz,

como rima nas minhas poesias.

 

Gilson Faustino Maia

sábado, 16 de julho de 2016

Viagens - Céu, Terra e Mar (3 sonetos com o mesmo tema)


Céu

 

Eu viajei, busquei lá no Universo

meu grande amor, a minha companhia,

que ´não vivesse só de fantasias,

mas pertencesse às tramas do meus versos.

 

Vaguei em trilhas e astros bem diversos;

abracei mil estrelas, mas não via

a musa para a minha poesia,

mesmo num mundo lindo, estando imerso.

 

Um reino encantador, lindas estradas,

mas ali não vivia a minha amada,

aquela que minh’alma sempre quis.

 

Perdi meu tempo, meus anos de vida.

Pouco interessa estrada colorida.

Não achei meu amor, não fui feliz.

 

Terra

 

Aqui na Terra, que lugar bendito!

Mundo de amor, sonhos, ilusões,

mergulhado em constantes emoções,

eu quase escrevo um verso bem bonito.

 

E falta pouco para um grande grito,

de vitória, soltar às multidões.

Sou envolvido, sempre, em turbilhões,

aqui, no paraíso dos aflitos.

 

Segue o globo girando lentamente,

eu no meio, envolvido, inconsequente,

em certos fatos como um aprendiz.

 

Mas eu não gosto dessa faculdade,

sempre mergulhado na saudade.

Eu perdi meu amor, não fui feliz.

 

Mar

 

Águas revoltas, lindas, mas dão medo.

Não nos dão segurança ao viajar,

pois nosso barco pode soçobrar

se tentar avançar nos seus segredos.

 

Pode surgir, à frente, algum rochedo.

Difícil, bem difícil, contornar.

Mistérios? Impossível decifrar,

Não tente mergulhar, nem por brinquedo.

 

Pode o tempo passar, mas cada história,

Do mar, a gente guarda na memória.

No peito, da saudade, a cicatriz.

 

Seria muito bom se certo dia,

pudesse, nem que fosse em poesia,

encontrar meu amor e ser feliz.

 

Gilson Faustino Maia

 

sábado, 9 de julho de 2016

O amor de Guaraci


Amar não é juntar sempre as costelas.

Amar é estar atento aos compromissos;

não é viver ausente, um ser omisso,

amar é estar pensando sempre nela.

 

Amar é em alto mar, num barco a vela,

pensar sempre em voltar ao rebuliço...

Voltar ao porto dela e, depois disso,

um futuro melhor criar com ela.

 

Não se deixar levar pelos queixumes,

também não partilhar mil azedumes.

Amar é dizer sempre: - Estou aqui!

 

Deixe o frio passar, virão as flores,

os campos vão tornar-se multicores,

e Guaraci dirá: - Então, Jaci?

 

Gilson Faustino Maia

 

sábado, 25 de junho de 2016

Indiferença


 

 

Conforme eu prometi, fui às alturas,

galopando na minha fantasia.

Eu viajava, mas você dormia,

não quis participar dessa aventura.

 

Que beleza, o passeio, que ventura!

De lá eu fiz chover mil poesias...

E as flores que você sempre queria,

lá nas nuvens eu fiz semeadura.

 

Fiz chover ramalhetes e poemas.

Que você gostaria, estava certo,

Porém não entendi qual o problema...

 

Você nem, do presente, chegou perto.

Mais um desdém ao filho de Iracema,

pois o seu guarda-chuva estava aberto.

 

Gilson Faustino Maia

 

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Confirmação


Ensina-me a viver, conheço a morte...

Da vida o que eu conheço é só saudade.

Usa as chaves do amor e da amizade

e atinge o nosso peito astuta e forte.

 

Ensina-me a ser rei, que eu me transporte

de escravo a poderoso de verdade,

capaz de destruir a falsidade

dessas paixões que existem por esporte.

 

Ah, se eu soubesse, poeta, eu lhe diria!

Enfim, você falou e a melodia

da sua voz, gravei, até porquê,

 

era a declaração de uma rainha

Que, triste, confirmava o amor que tinha:

- Não sofreria tanto por você!

 

Gilson Faustino Maia

sábado, 4 de junho de 2016

Quem dera!


Quem dera que já fosse primavera

e quem dera que eu visse no teu rosto,

sempre alegre, feliz e bem disposto,

um sorriso constante à minha espera.

 

Mas o mundo é cruel, o mundo é fera,

faz a gente viver a contragosto.

É uma rima infeliz que perde o gosto

e o poema inteirinho degenera.

 

Quem dera meu viver longe do inverno

onde eu possa encontrar rumos diversos.

Quem dera fosse o céu e não o inferno

 

a fonte permanente dos meus versos,

e quem dera ao poeta, o Pai Eterno,

abrisse, enfim, as portas do universo.

 

Gilson Faustino Maia

 

 

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Celebração do amor





Um anjo diz amém, o trem apita...

O que era longe fica bem pertinho.

Uma saudade vira mil carinhos,

acontece, você não acredita?

 

A vida fica assim, bem mais bonita.

Novo apito do trem, prepara o vinho,

escute desde agora o burburinho.

É o povo em festa que a estação agita!

 

Celebração do amor, toda a cidade

deseja ver, também quer festejar;

aplaude ao ver chegar felicidade.

 

Cada rosto, um sorriso singular.

É o sonho, transformado em realidade,

conjugando, feliz, o verbo amar.

 

Gilson Faustino Maia
 
 

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Promessa


Quando você partiu, que ingratidão!

Além de carregar minha alegria,

também levou, da minha poesia,

o alimento, a minha inspiração.

 

Quis apagar seu rastro, que ilusão!

Esqueceu-se da nossa sintonia?

Sol e lua no céu, a poesia,

nossa força e instrumento de união.

 

É com o amor que eu tenho compromisso;

deixe o tempo passar, não tenho pressa.

Furacão, tempestade, e eu com isso?

 

Porém a sua voz, isso interessa.

É grande o amor, jamais esqueça disso,

pois, “para sempre”, foi nossa promessa.

 

 

Gilson Faustino Maia